Cidadeverde.com

Autor rap polêmico sobre PM explica letra e nega ameaças a Fábio Abreu

Imprimir
Kledeilson Barreto de Araújo, 25 anos, conhecido popularmente como Kedé é um dos autores do polêmico rap que cita policiais do militares do Piauí entre várias queixas sociais. A TV Cidade Verde realizou entrevista exclusiva com o rapper, nesta quinta-feira (01), na tentativa de compreender as intenções do músico com tantas frases com tom ameaçador.

Fotos: Reprodução TV Cidade Verde

O repórter Tiago Melo foi até a casa do músico, na Vila Bom Jesus, no bairro Santo Antônio, zona Sul da capital do Piauí. Lá, ele conseguiu confirmação do jovem, envolvido há 10 em trabalhos voluntários com crianças e adolescentes e a música, de que a letra surgiu como forma de protesto.

“A música nasceu de uma revolta pessoal minha. Sou negro, canto rap e moro numa comunidade pobre. Vivo em uma sociedade de discriminação. Todo dia sou discriminado, revistado pela polícia sem necessidade. Até já bateram na minha cara”, revela Kedé.


A música, divulgada através da internet, cita o subcamandante da Rone, capital Fábio Abreu, e um soldado, da mesma corporação, identificado apenas como Avelar. Os militares são relacionados a realidades de violência nas comunidades mais pobres da cidade.

Em trechos, policiais são chamados de “marginais fardados”. A letra também cita que a “pessoas inocentes que vocês mataram”, “uma vida custa caro é bom pensar na vida de vocês”, “a vela está apagando, o dia de vocês está chegando”, entre outros pontos polêmicos.


“A música foi um desabafo meu. Não estava querendo ameaçar eles. Isso [música] saiu de mim porque todo dia acontece isso comigo. Pra eles, todo mundo é marginal, é ladrão, principalmente os negros. Muita gente reclama da forma como eles agem na sociedade. Já sobre o trecho da vela é uma parte obvia. Eles podem morrer a qualquer momento”, explica o rapper.

Fábio Abreu também foi ouvido pela TV Cidade Verde. O policial revela que se sentiu ameaçado e que vai registrar boletim de ocorrência contra os músicos ainda nesta quinta-feira (01). O motivo será tentativa de intimidação.


Kedé revelou que não tinha ideia da repercussão que a música teria. Questionado se ele teria medo das consequências da música, ele foi enfático ao dizer que não vai mudar a postura que adotou para se posicionar perante a sociedade.
 
“Vou bater de frente porque não vou me calar. Não estou dizendo que vou bater ou matá-los. Não tenho medo. Me acusado de homicídio e eu não matei ninguém, me acusaram de porte ilegal de arma e eu não tenho armas. Disseram que estive preso e eu não estive. Vou continuar cantando rap. Eu represento um povo”, analisa o músico.


O jovem lamenta ainda a repercussão negativa da música, mas revela que acredita que era um risco que corria. “O que cantei foi uma realidade. A música é minha forma de reivindicar. Não era pra incentivar violência, mas tem sempre gente que leva tudo pro lado mau”, disse Kedé.

Lívio Galeno
Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais