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Hebiatra: desajuste familiar pode resultar em estupro e faz alerta

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O médico hebiatra – especialista em crianças e adolescentes – Antonio Noronha Filho foi entrevistado no Jornal do Piauí desta quinta-feira (21) e falou sobre o caso da menina Débora, estuprada e morta em Demerval Lobão pelo irmão. Ele ainda fez um alerta sobre o que pode desencadear problemas de violência como este dentro do seio familiar.

Evelin Santos/CidadeVerde.com
 

“Este tipo de problema é mais comum do que a gente pensa. E tanto o abuso sexual, quanto qualquer outro tipo de violência é causado, na maioria das vezes, por familiares ou amigos próximos. Eles usam o poder da aproximação”, pontua Noronha. Ele afirma que o fato ocorre tanto na classe alta quanto na baixa, mas que na primeira, os casos são abafados, enquanto nesta, os casos “explodem”. 


O hebiatra diz ainda que existe um processo complexo, mas perceptível dentro do seio familiar que culmina na violência. “Isso geralmente ocorre em famílias onde a relação afetiva entre pais e filhos é mal elaborada, há desajuste familiar e onde a energia da família é de alienação parental, que é crime”, explica. 

Um exemplo de alienação parental é quando mãe ou o pai usam o filho para falar mal do cônjuge, transmitindo sua a raiva e usando o filho como objeto nessa disputa. “É preciso a relaboração desse jogo afetivo em casa. Quanto mais mal elaborado, pior consequência tem”, alerta. 

Sexo
Noronha diz que a questão do gênero ainda é a causa de grande problemas de violência doméstica. A imagem do homem, macho, aquele que domina mulher e filhos continua muito presente na sociedade. “Quando entra o problema sexual, entra a violência contra a mulher. O papel do masculino tem que ser revisto perante a mulher e a criança”, declara. 

No caso da morte da menina Débora, o médico diz que o irmão, A. C. S., de 17 anos, provavelmente já tinha sido vítima de abuso sexual, quando mais jovem. O adolescente também foi movido pelo resultado de uma soma do instinto com o uso de álcool. Ele explica que no momento da agressão, o jovem tinha a irmã como um objeto para saciar seu desejo e que a droga ajudou a liberar a “rédea social”, que o impedia de fazê-lo. 

“O sexo é um desejo intenso. Em relação ao sexo e à fome, você perde a sensação de realidade, quando eles são muito intensos, a pessoa ataca, como um animal. A droga corta ainda mais a censura social. Libera o instinto ‘se você não quer satisfazer o meu desejo, eu mato’. No momento do ato ele era só desejo. Depois é que ele vê o que fez e talvez por isso chorou no depoimento. Às vezes, o marido mata a mulher no impulso, percebe o que fez em seguida e se mata. No momento da emoção, é só emoção”, descreve. 

Solução
O médico hebiatra afirma que a é preciso mais empenho por parte das autoridades em mobilizar a sociedade a reduzir estes problemas. “Tem que trabalhar na formação da criança. Como o masculino trabalha com a menina? Como em casa a mulher é violentada? Tem que se discutir isso. É preciso um trabalho de prevenção, na base. Nós ficamos sempre debatendo no final, no crime”, justifica.

Carlos Lustosa Filho
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