Atuante no movimento popular de Teresina,  integrava campanhas contra a violência doméstica e inclusive já foi diretora da Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários. Estamos falando da ilustre Jacinta Andrade, que hoje batiza o maior residencial de casas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Brasil.

Jacinta Andrade teve sua luta interrompida ao ser assassinada brutalmente pelo então namorado. No residencial, localizado na zona Norte da nossa capital, mais de duas mil famílias tem no endereço o nome de uma mulher, que por diversas razões fizeram escola e entraram para o mapa da cidade. A avenida principal do conjunto ganhou o nome da companheira de tantas lutas, Francisca Trindade.

Da atuação nos grupos de jovens do bairro Água Mineral até Brasília, Francisca Trindade teve uma tragetória admirável. Em apenas 10 anos, ela foi vereadora, passou pela Assembleia Legislativa e chegou à Câmara Federal. A guerreira morreu de AVC em julho de 2003, aos 37 anos.

Pela vizinhança percebemos que das 26 mulheres homenageadas, sete são piauienses. Como é o caso da escritora Amélia Beviláqua. Nascida em Jerumenha (309 km de Teresina), ela era uma mulher de vanguarda. Em 1902 liderou a revista "O Lírio", em Recife, e influenciou na criação do periódico "Borboleta". Amélia foi a primeira mulher teresinense a se candidatar a uma vaga na Academia Brasileira de Letras.

Diferente da renomada Amélia, Esperança Garcia era apenas uma escrava, mas também usou suas palavras para defender seu povo. Inusitadamente, ela mandou uma carta ao então governador do Piauí denunciando maus tratos e relatando ideais de liberdade. Graças a ela foi instituído o Dia Estadual da Consciência Negra.

E, em outro tipo de luta, foi morta mais uma mulher destemida. A trabalhadora rural Antônia Flor foi vítima de pistolagem, em um conflito agrário que se estendeu por mais de meio século e colocou a cidade de Piripiri (distante 157 km de Teresina) no livro "Assassinatos do Campo", editado na década de 1980.

Por causas próprias, que viraram conquistas coletivas, tais mulheres foram imortalizadas nas ruas do maior residencial popular do país e hoje são homenageadas no programa especial Mulheres de Teresina. Suas lutas serviram de inspiração e foram verdadeiros presentes para a sociedade atual.