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Jornal do Piauí promove debate sobre divisão do PI e criação do Gurguéia

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O Delta do Parnaíba e a Serra da Capivara são dois símbolos do Piauí. Mas a volta da discussão sobre a criação do Estado do Gurgueia, que dividiria o território piauiense pode fazer com que cada um destes pontos turísticos fique em uma unidade da federação diferente. Entretanto, a volta da discussão, que tomou fôlego com a aprovação de um plebiscito sobre a divisão do Pará, vai mais além dos pontos turísticos e envolve cultura, identidade, política, economia e potencial. 

Fotos: Thiago Amaral/Cidadeverde.com 


O Jornal do Piauí trouxe um historiador e um economista para darem seus pontos de vista acerca da criação do Gurgueia. Para o professor de História Daniel Martins, a divisão não será positiva. “Atualmente o Piauí está ao lado do Maranhão, com os piores índices de desenvolvimento da população. A criação do Gurgueia, vai na verdade, criar dois Estados pobres”, observa.

Já para o economista Valmir Falcão, o principal argumento que justifica a separação é a distância entre Teresina e a região sul piauiense. “Para o norte não há problema, porque são poucos mais de 300 quilômetros até o litoral, mas até o último município são quase mil quilômetros. Se aqui temos nós já temos dificuldade com o governo, lá, você imagina”, justifica.



Daniel Martins rebate o argumento, afirmando que Teresina já é diferente de todas as demais capitais nordestinas que estão no litoral e distantes dos municípios do interior e cita o exemplo do Ceará que possui em Juazeiro do Norte, uma espécie de capital regional do interior cearense. “Mesmo com o Gurgueia, a rede de serviços de Teresina continuaria a alimentar a região. O que é importante é uma maior integração em todo o Piauí”, declarou.

Falcão por sua vez, acrescenta que a divisão, na verdade daria uma potência e possibilidade de crescimento maior às duas unidades federais.  “O exemplo de Goiás e Tocantins. Goiás quando se separou, o Estado dobrou seu PIB 10 anos. Isso é a prova de que há a multiplicação da renda. Na divisão, o crescimento será mais rápido. A tendência do Piauí é crescer mais. Foi o que aconteceu com os municípios. Não conheço nenhuma cidade no Piauí que foi desmembrada e que ficou pior do que quando era apenas um povoado. O Gurgueia tem potencialidades para desenvolver depois.”, diz o economista, referindo-se à reservas de minério e à fronteira agrícola do cerrado.

Entretanto, o historiador lembra que no Piauí há muitas cidades pequenas com menos de três mil habitantes que continuam em estado de pobreza.



Estrutura
Outro ponto debatido foi a necessidade da criação de estrutura de Estado, caso o Gurgueia seja criado. “Com a criação de novos estados a mesma coisa com tribunal de contas, a estrutura de governo é pequena o bolo tributário ao invés dividido por 27, será por 28”, diz Valmir. Segundo ele, numa hipótese de que o Piauí recebesse R$ 1 bilhão de recursos federais, caso seja dividido, o Piauí perderia cerca de 10% do que receberia e o Gurgueia ganharia aproximadamente R$ 700 milhões. “O volume seria suficiente para em dez anos estar pronta toda a estrutura governamental”, observa.

Daniel Martins argumenta que caso a divisão do Pará, do Maranhão e do Piauí sejam aprovadas, este montante seria menor. Ele calcula ainda que seriam precisos aproximadamente dez anos para a criação de uma estrutura burocrática inteira no Gurgueia e acrescenta que o fator político é um dos grandes motivos reais para a divisão do Piauí. “A questão política está influenciando, é muito forte. Criar um Estado significa mais senadores, mais deputados, mais tribunais, mais cargos”, justifica.



O economista rebate esta observação dizendo que a necessidade de novos cargos “é o mínimo”, e não teria um grande impacto, minimizando esta influência.

Daniel Martins afirmou que está sendo criada uma frente em defesa do Piauí unido a fim de levar em conta os argumentos que justifiquem a permanência do estado atual. “O que queremos é que seja criado o plebiscito para o Piauí decidir”, acrescenta o economista.

Carlos Lustosa Filho
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