O laudo cadavérico realizado no corpo de Fernanda Lages mostra que a estudante sofreu ferimentos antes de sua morte. O documento causa polêmica porque contradiz o novo relatório da Polícia Civil, entregue em novembro do ano passado.
O exame no corpo da jovem foi realizado pelo médico legista Antônio Nunes e foi concluído em 14 de outubro, dois meses após a morte de Fernanda Lages. No documento o médico afirma que o corpo apresentava lesões no lado direito, nos pés e nas mãos, provocadas ainda em vida.
"...contundente em braço direito e escoriações causadas por instrumentos cortocontundentes em antebraço direito e punho, com perda de epiderme, assim, também em região de transição toracoabdominal direita até o flanco direito e contundentes em quadril direito, nádega esquerda e região supraglútea direita (esta de arrastamento), todas ocorridas antes da precipitação", revela o documento.
A perícia médica pode ter sido a razão pela qual a Polícia Federal solicitou a exumação do corpo da jovem, pois no documento há afirmações de que as lesões poderiam ter sido causadas na porta da escada do prédio do Ministério Público.
O documento diz ainda que não houve contato das unhas e da calcinha de Fernanda com outra pessoa e que a jovem não estava embriagada.
"Não houve comprovação de relações sexuais recentes. A 'a cujos', então em vida, não se encontrava embriagada, sendo o nível de álcool encontrado em sangue compatível com estar alcoolizada, podendo haver distúrbios tóxicos, mas sem embriaguez", aponta o laudo.
Para o promotor de Justiça Eliardo Cabral, que acompanha as investigações do caso, as contradições serão examinadas após serem entregues os demais relatórios da PF. "Algumas das contradições são gritantes e serão bem destacadas", disse.
Já o delegado geral de Polícia Civil, James Guerra, ressalta que a interpretação isolada dos laudos pode resultar em equívoco. "A investigação tem que ser vista como um todo", considerou. O relatório da Polícia Civil apresentado em novembro do ano passado, ao contrário do laudo cadavérico, aponta que Fernanda não sofreu ferimentos antes da queda pela não existência de DNA da jovem nas escadas da obra.
A TV Cidade Verde tentou contato com o médico legista autor do laudo, Antônio Nunes, mas ele está participando de um curso na cidade de Brasília.
Espera-se que o delegado federal que investiga o caso Fernanda Lages, José Freitas, chegue a Teresina na próxima sexta-feira (14) e que os resultados sejam apresentados na próxima semana. O prazo máximo para a PF entregar o relatório é 25 de setembro.
Jordana Cury (Cidadeverde.com)
Joelson Giordani (TV Cidade Verde)
