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Maternidade abre investigação para apurar 4 bebês em mesmo berço

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O diretor da maternidade estadual Dona Evangelina Rosa, Francisco de Sousa Martins Neto, informou nesta quinta-feira (3) que abriu processo administrativo para apurar denúncia de que dois e até quatro bebês são abrigados em um só berço na maternidade.

Por falta de leitos na maior maternidade do Piauí, dois bebês chegam a utilizar um único berço. 


O próprio diretor geral da maternidade estadual Dona Evangelina Rosa, Francisco Martins, admite a prática com dois recém-nascidos num só leito, mas diz que ela é atípica e pontual.

Funcionários do hospital afirmaram, porém, que a situação é pior e frequente, pois um único berço chega a receber cinco bebês. O problema ocorre na sala RN (local onde, após os partos, os recém-nascidos aguardam transferência para enfermarias, UTI neonatal ou berçário).

O Ministério Público do Estado já apura denúncias sobre berçários superlotados na maternidade. No ano passado, as denúncias foram feitas em uma carta assinada por 32 obstetras plantonistas, que foi enviada à promotora Cláudia Seabra.


No documento, os médicos falam que a maternidade estava virando uma "bomba relógio" e que tiveram que adiar a realização de cesarianas de urgência pela falta de berço para acomodar os recém-nascidos.

Eles disseram, ainda de acordo com o Ministério Público, que a superlotação na Dona Evangelina Rosa faz com que os profissionais tenham que selecionar quem será atendido.

Coordenadora do Centro de Apoio de Defesa da Saúde, a promotora já ajuizou quatro ações judiciais contra a maternidade por descumprimento. Entre as ações, o Ministério Público pede que a direção adquira mais 74 novos berços e incubadoras.


Sobre o relato de servidores, ela disse que nunca viu cinco bebês num único berço, mas afirmou que não se surpreende.

"É uma situação plenamente injustificável e de falta de responsabilidade sanitária [na maternidade]", disse a promotora, informando que o hospital foi multado em R$ 145 mil por desobedecer os TAC (Termos de Ajuste de Conduta) firmados na Promotoria.

OUTRO LADO

Martins Neto admitiu que há superlotação no hospital, mas negou que cinco bebês dividam um único berço. "Vamos apurar até mesmo para saber se não existe gente mal-intencionada [entre os funcionários]."


O diretor da maternidade afirmou que, se realmente foram colocados mais de dois bebês num só leito, foi uma decisão dos funcionários, não compactuada com a direção. Por isso, a instituição abriu procedimento administrativo para apurar o caso.

Segundo ele, a maternidade atende por mês cerca de 1.200 mães. "São de 30 a 40 partos por dia". Na sala dos recém-nascidos, só existem dez berços.

"O máximo que temos quando a maternidade está superlotada são dois bebês em um só berço. Estamos trabalhando no limite. Nossa taxa de ocupação de leitos é de 95%, quando o Ministério da Saúde recomenda 85%",disse o diretor.


Yala Sena
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