Trinta e dois médicos obstetras da maternidade dona Evangelina Rosa protocolaram denúncias e alertam: “Estamos com uma bomba relógio em nossas mãos e que poderá explodir a qualquer momento”.
Foto: Wilson Filho
Os médicos denunciam que a superlotação na maternidade faz com que se selecione quem será atendido e quem não vai. Eles reclamam da falta de materiais básicos como luvas, fios, pinças e até roupa apropriada para trabalhar no centro cirúrgico.
“...temos que assumir a responsabilidade de ‘selecionarmos’ quem vai e quem fica, assumindo mais uma vez um problema que não é nosso...”, diz o relatório que foi entregue a promotora Claudia Seabra, do Centro de Saúde do Ministério Público Estadual.
Veja relatos dos médicos no documento:
“Nos deparamos todos os dias nos plantões com situações difíceis que não são superadas apenas pela presença dos profissionais médicos no plantão...”
“... o nosso estresse e preocupação começam na chegada ao plantão , quando nos deparamos por inúmeras vezes com a notícia de que a maternidade está lotada...”
“...nos deparamos já na entrada com a falta de roupa para adentramos ao setor, o que acontece com frequência. Além disso, a falta de material cirúrgico (fios, luvas de diversos tamanhos, pinças e instrumental de péssima qualidade, focos cirúrgicos, mesas obstétricas adequadas...”
“...nos faz, mais uma vez, termos que ‘dar um jeitinho’ para que as cirurgias e partos sejam realizadas...”
No documentos os médicos pedem medidas urgentes como laboratório funcionando 24h, além de realização de ultrassonografia durante todo o dia, melhora no acompanhamento das pacientes, manutenção e compra dos instrumentos básicos.
“Segurança no exercício do nosso trabalho, chamar os obstetras do último concurso e melhora na remuneração e acomodações”, diz o documento.
A promotora Claudia Seabra informou que o Ministério Público solicitará informação aos gestores e verificará in locun as denúncias.
“Agrava a situação na maternidade Evangelina Rosa, principalmente pela falta de profissionais e estrutura”, disse a promotora.
O Ministério Público instaurou procedimento e dará cinco dias para a Secretaria de Saúde se pronunciar.
Nota da maternidade
A direção da maternidade informou que já conversou com os 23 médicos e grande parte das reivindicações foram atendidas e outras estão sendo providenciadas.
Sobre a carga efetiva de trabalho, a direção reage: “ a carga excessiva de trabalho ocorre devido a superlotação da maternidade”. Segundo a direção, as gestantes não procuram as maternidades dos bairros e somente a Maternidade Evangelina Rosa.
Flash Yala Sena