Em entrevista ao Portal Cidadeverde.com, o pai de Fernanda Lages, Paulo Lages, declarou nesta sexta-feira (8), que ainda acredita no envolvimento de Nayra Veloso na morte de sua filha. As declarações foram feitas antes do segundo sepultamento de sua filha no cemitério São José, em Barras.

Segundo ele, Nayrinha, amiga da jovem, se contradisse em depoimento, teria sido vista por um dos vigias e no dia da morte estava com um calçado que apresentou material encontrado no local da obra onde a universitária foi encontrada morta. 

"A Nayrinha encontrou com a Fernanda na faculdade e na noite do crime as duas estiveram juntas. Um dos seguranças disse que viu Fernanda com uma mulher com as características da Nayrinha, que usava vestido estampado. No depoimento, ela disse que não tinha nada a ver, mas também disse que conhecia Fernanda há apenas 15 dias, quando na verdade conhecia há três meses", declarou Paulo.

O pai da jovem acredita que várias mulheres costumavam ir à obra e estas seriam uma das causas dos vigias não terem abordado Fernanda. "Já sabemos que a minha filha demorou mais tempo para chegar até lá do que constatou a Polícia Civil e eu acredito que já havia alguém no prédio esperando por ela. A Fernanda já havia bebido álcool. Havia marcas de sangue no corrimão de quando ela caiu e quebrou o dente, mas a Federal acha que ela quebrou quando caiu lá de cima".

O pai da estudante acredita também que há ligação entre a morte de sua filha e a do fotógrafo Delson Castelo Branco. "Quando eu soube que ele tinha desaparecido, aquilo veio imediatamente na minha cabeça porque ele conhecia a Fernanda, mesmo que ela não soubesse quem ele era. Ele já tinha tirado várias fotos dela e poderia ter algo que incriminasse alguém. Tenho certeza que não foi acidente, porque aconteceu 15 dias depois da morte da Fernanda. como pode encontrarem o corpo dele apenas 30 dias depois e ninguém ter visto ou percebido nada? Por que as pessoas que viram o acidente demoraram tanto para se pronunciar?", questiona.

Paulo Lages não descarta a hipótese de que as investigações da Polícia Civil do Piauí tenham sido influenciadas politicamente. Segundo ele, pessoas com prestígio e poder devem estar envolvidas e tentando "abafar" o caso. "Na política ainda achamos pessoas que têm influência e peso político ou social que podem meter o dedo para atrapalhar. A Cico foi falar na TV, mas não nos deu resposta nenhuma, tanto que o Ministério Público fazia muita cobrança à Polícia Civil e não está cobrando tanto a PF. Eles sabiam dessa influência", acredita.

O pai de Fernanda afirma que sua filha foi assassinada e não aceitará que a PF conclua a tese de suicídio. "A minha filha era uma menina muito ingênua, tinha apenas 19 anos e pelo seu bom caráter fazia amizade facilmente. Isso facilitou sua morte". 

De acordo com ele, a noite do crime ainda apresenta vários pontos obscuros. "Há uma série de coisas inadmissíveis. Como pode três vigias que estavam no local não terem dado conta de nada? Por que nenhum deles abordou Fernanda? Não teria sido a primeira vez que ela foi até lá", considera.

Paulo Lages diz que a obra já devia ser frequentada por outras mulheres, como Nayrinha. "Não sei o que faziam lá, mas para ver o por-do-sol não era", disse.

O envolvimento do deputado maranhense Marcos Play e do jornalista Décio Sá na morte de Fernanda é descartado pelo pai da jovem.

"Eu não acredito que o deputado tenha ligação com minha filha. Mas, certamente, ele tem com a Nayrinha, porque ela recebeu ajuda do advogado maranhense e sabemos que ela foi vista andando no carro dele aqui em Teresina. Nayra já esteve com o deputado em outras datas. O repórter que morreu tinha conhecimento que o deputado tinha o costume de vir a Teresina se encontrar com meninas. Era estranho o fato de ela ter conseguido um advogado tão rápido, um advogado maranhense", pontua.