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Polícia investiga se profeta da zona Leste impede crianças de estudar

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Agentes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) estão investigando o "profeta" Luiz Pereira dos Santos, 43 anos, e mais de 10 pessoas, que acreditam que o mundo vai acabar em 12 de outubro deste ano. Foi constatado que os pais que participam da religião mantém os filhos fora da escola. Ele nega as acusações.

Fotos: Yala Sena


De acordo com o chefe de investigação, Joattan Gonçalves, no local onde o "profeta" reside há dezenas de crianças que não frequentam a escola, o que configura o crime de abandono intelectual. "Os pais afirmam que não há necessidade de os filhos irem para o colégio porque o mundo vai acabar e eles devem se preparar espiritualmente para o fim dos tempos. O crime foi constatado porque todas as crianças estavam lá, mesmo sendo horário escolar", explicou o investigador.

Os fiéis desta religião moram em uma invasão no Parque Universitário, zona Leste de Teresina e somam 64 pessoas no total. Outros possíveis crimes como maus tratos a crianças, abandono material, indução à fuga de menores e sonegação de incapaz também estão sendo averiguados. 


"Isso tudo ainda vai ser analisado, abrimos uma investigação porque nos depoimentos, os fiéis contam que muitas mães largaram seus maridos e filhos para seguirem o profeta, homens largaram suas mulheres e menores de idade fugiram de casa e participam da religião sem o conhecimento dos pais. Recebemos também a denúncia de que alguns pais vão pegar de volta os filhos, mas as crianças não são entregues", disse Joattan.


Sem emprego

À polícia, os fiéis garantiram que não acreditam na continuidade do mundo após a data de 12 de outubro de 2012 e que para fazerem parte da religião do "profeta" tiveram que abrir mão de qualquer vínculo empregatício e sobrevivem apenas de serviços informais, popularmente chamados de "bicos". 

"Para eles, Deus vai 'arrebatá-los' a partir de 1° de outubro até o dia 12 e levá-los para um local onde eles ficarão aguardando o juízo final. Além disso, eles devem largar qualquer emprego porque se Deus ordenar uma missão, eles devem ir sem amarras a nenhuma outra pessoa, não podem se ocupar de outra coisa", acrescentou o chefe de investigação.


Das 64 pessoas que fazem parte desta religião, apenas oito trabalham, todos homens. A investigação policial poderá culminar no indiciamento do "profeta".

Como tudo começou

Luiz Pereira contou à polícia que há quatro anos recebeu a visita de um anjo de Deus, que lhe informou que o mundo iria acabar em 12 de outubro de 2012. Desde então, Luiz passou a "pregar" em várias cidades do Brasil, como São Paulo e Brasília. 

"Ele relatou que sofreu muitas represálias durante as pregações. Disse também que a religião dele não tem um nome, que ele apenas acredita em Deus e está acolhendo o povo que a sociedade excluiu, como pobres e drogados", destacou o investigador. 

Luiz Pereira ressaltou para a polícia que vem sofrendo várias ameaças dos traficantes da região e que já correu perigo de vida. 


Atualizada às 19h

Ao Cidadeverde.com, o "profeta" negou que esteja proibindo crianças e adolescentes de frequentarem a escola. Ele narra que abriga ex-drogados, ex-prostitutas e ex-criminosos que decidiram seguí-lo, além dos menores. "Entre essas pessoas existem crianças que eram esquecidas pela sociedade e por isso estão sem estudar. Mas não existe nenhuma orientação para que fiquem fora da escola", disse. 

Luiz Pereira afirmou não temer a polícia. Disse que Jesus Cristo também foi perseguido e apedrejado e está com a consciência tranquila para esclarecer tudo aos policiais. "O mundo vai ser invadido pela besta fera", completou. 

Jordana Cury e Yala Sena (Atualização)
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