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Turnê da banda Validuaté ganha destaque no Estado de São Paulo

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Os piauienses do Validuaté são destaque no jornal O Estado de São Paulo. Confira a matéria abaixo:


Válido até ____. O prazo de validade incompleto, a ser preenchido (aquilo que poderia ser uma escolha temerária, uma crítica pronta para deleite de um resenhista sádico), acabou virando o nome da mais destacada nova banda do Piauí. Validuaté é um combo de interesses múltiplos - samba, baião, heavy metal, reggae, brega - que reúne nada menos do que três bacharéis em Letras e reencontra uma tradição lírica piauiense que revigora a presença de dois ilustres conterrâneos: os poetas Mário Faustino (1930-1962) e o tropicalista Torquato Neto (1944-1972).


O Validuaté destoa de seus colegas do pop nordestino por privilegiar a irreverência (em vez da seriedade conceitual) e por fazer um pop sem regras ou fórmulas. Mas o que acentua a diferença é que, de repente, pinta um nível de informação erudita no meio de uma levada brega. Sem afetação. Os piauienses não querem forçar uma barra, uma associação com seus antecessores ilustres. "De repente, a gente faz essa parceria Validufaustino ou Torquataté. São possíveis maravilhosos", diverte-se o cantor, ator e compositor Thiago E.


Como ator, Thiago E. já viveu o universo poético de Torquato e Faustino no teatro, em peças montadas a partir de textos dos dois. Chegou a musicar o poema Que Tal, de Torquato (semelhante ao que os Titãs fizeram com Go Back), para trilha de peça - e a canção acabou entrando no repertório do Validuaté. "Em Teresina, Mário Faustino é bem menos lembrado que Torquato, até porque este último teve uma enorme importância na história da música brasileira e da contracultura. Qualquer artista em Teresina conhece Torquato. Então, fica até um pouco perigoso você trabalhá-lo artisticamente, pois pode, facilmente, cair num clichê", analisa.


Não há analogias fáceis para o trabalho do grupo. Superbonder, por exemplo, um de seus hits, tem uma pegada que evoca os melhores momentos da poesia química do simbolista paraibano Augusto dos Anjos: "Fractal metamórfico barbitúrico colossal/ Pórtico liso erudito transformusculacional".



O grupo Validuaté existe desde 2004, mas só passou a ganhar "sustância" em 2006, quando abriu shows da turnê Cê, de Caetano Veloso. Em 2007 abriu shows de Paralamas do Sucesso, Luxúria, Cachorro Grande, Tihuana e, em 2008, Fernanda Porto. Nesse ano, participou do festival Teresina é Pop, da Feira Internacional da Música de Fortaleza e da 4.ª Feira de Arte e Cultura Nação Piauí, em Brasília.


Seu primeiro disco, Pelos Pátios Partidos em Festa, foi encorpando a reputação da banda, que chegou este ano ao circuito indie nacional, tocando no Studio SP e no bar Mofo, na ferveção da Lapa, no Rio. Distante horas de voo da Paulicéia, viu a plateia paulista cantando protohits como Ela É, Superbonder, Amorlâmpago, Essa Moça e Podes Crer na Dúvida.


Em março de 2008, o grupo participou do DVD coletânea Amostra Cumbuca Cultural, em parceria com as bandas Batuque Elétrico, Conjunto Roque Moreira e Captamata. Atualmente, excursiona com um novo álbum, Alegria Girar, pelo selo Bumba Records.


O Validuaté não cai na armadilha de se declarar um "produto exótico de um Estado remoto". Prefere reconhecer influências múltiplas do Brasil todo em seu som. O grupo denuncia apenas a vivência acadêmica aqui e ali - também, pudera, eis aqui o currículo dos cúmplices:


O vocalista e compositor Zé Quaresma (o sobrenome não é de fantasia, é de família mesmo) é formado em Letras e também artista plástico e videomaker. Começou a cantar em União, a 50 km da capital, Teresina, e produz também as capas dos seus discos.


O parceiro univitelino de Quarema é Thiago E, professor de Língua Portuguesa, compositor, poeta e ator, responsável por mais da metade das composições da banda. Júnior Caixão é o guitarrista (também é "administrador de bar", na biografia do grupo). O outro guitarrista, Vazin, é professor de Geografia e militou anteriormente em bandas de heavy metal. Wagner Costa, o baixista, é Mestre em Literatura e chegou a atuar como violoncelista da Orquestra de Câmara da Universidade Federal do Piauí. E, na cozinha, o baterista John Well, que também é professor de bateria e flauta doce e tem um pé na música gospel.


"Vejo que tem muito ‘contemporâneo’ apenas repetindo ou diluindo trabalhos que já foram feitos. Tem muito artista que tá começando que lança disco super bem produzido, bem arranjado e tudo, mas não diz coisas interessantes; não surpreende pelo tema; falta um visgo narrativo", analisa Thiago E. "Só porque vivemos tempos fragmentados não significa dizer que tudo que é desconexo é bacana. E também, pra agradar, não precisa ser ‘novo’ ou ‘original’ - podemos fazer boa música com velhas formas. E não vamos chamá-la de ‘verdadeira literatura contemporânea...’ ou coisa do gênero. Podemos fazer uma ‘mentirosa música contemporânea’ e ser ela ser maravilhosa’".


Fonte: Estadão

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