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TV vai à nascente do Poti e mostra ameaça de desaparecimento do rio

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Os teresinenses que estão acostumados a ver o rio Poti com seu farto leito na maior parte do trecho urbano passam a conhecer uma outra realidade. A reportagem de Indira Gomes, exibida no programa especial "Teresina, quem ama cuida", produzido pela TV Cidade Verde, mostra como o rio nasce, na região de Quiterianópolis (CE).

Reprodução/TV Cidade Verde

A cidade, que fica a 350 km de Teresina, passa dificuldade por conta da seca. Já são quatro anos sem chuva e a realidade desses municípios da região é a proliferação de caixas d'água e cisternas. O povo precisa, de alguma forma, conviver com a seca.

As nascentes do rio ficam localizadas em uma propriedade particular. Indira Gomes foi até lá, enfrentando horas de caminhada, já que o local é de difícil acesso. Essas nascentes não são mais naturais. A água brota das pedras e segue seu rumo não pelo leito normal, mas por canos. 


Ao invés de abastecer o leito do rio, a água límpida das nascentes abastece as caixas d'água das propriedades, mata a sede do gado e irriga as plantações de hortaliças.

Em Quiterianópolis, a população se serve da água de reservatórios instalados no centro da cidade, dos carros-pipa pagos pela prefeitura ou pela Defesa Civil. Há oito meses, a água chega nas casas carregada em baldes.


A expedição segue mostrando os açudes que deveriam barrar a água do Poti, na Serra da Ibiapaba. Eles estão completamente secos.

O primeiro açude a represar o Poti é o Colinas, que tem capacidade de armazenamento de 3,250 milhões de metros cúbicos, mas há alguns anos está completamente seco.


A falta de água não é o único problema encontrado pela reportagem. Um lixão foi instalado nas proximidades do leito do rio. Além disso, esgoto é despejado sem qualquer preocupação.

Uma empresa de exploração de minérios também se instalou nas proximidades e, apesar do desenvolvimento, da geração de emprego e rendas, os moradores reclamam do aumento da poeira e temem que nas primeiras chuvas os sedimentos da mineração caiam no leito do rio. A empresa está regularizada, tem as licenças ambientais e alega que obedece a distância do leito do rio exigida e que está reflorestando as áreas degradadas.


Na saída da cidade, a reportagem flagrou a luta pela sobrevivência. Um cachorro se aproximou de uma poça de água e acabou com as pernas presas no lamaçal. Já sem forças para tentar sair, um morador o retirou.


Já na cidade de Novo Oriente, o açude Flor do Campo é o que abastece a região. É dele onde sai a água que abastece todos os carros-pipa da região e por isso é motivo de disputa. A companhia de recursos hídricos do governo do Estado e o Comitê de Gestão de Bacias defendem a transferência pelo leito do rio para o açude Carnaubal, em Crateús. Moradores da cidade se revesam na vigília das comportas e só aceitam a transferência da água se for por uma tubulação.


Porém, enquanto o problema não é resolvido, a população de Crateús enfrenta racionamento de água.

Há um projeto para a construção do açude Fronteiras, que se arrasta desde 2006. A construção vai inundar trechos de duas rodovias federais, uma estadual e a ferrovia que serão desviadas. Mais de mil famílias já estão sendo indenizadas.


Mas a imagem que fica não é só de seca e tristeza. Em um ponto a preservação é levada a sério pela população.


Depois de percorrer mais um trecho de difícil acesso, eis que chega o cânion ou boqueirão, como chamam os moradores de Crateús. Depois de receber tanta água dos riachos e igarapés, a formação do cânion impressiona. 


Leilane Nunes
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