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Inspirado em Marilson, piauiense treina com ídolo e sonha imitá-lo

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Não foi fácil achar Reginaldo Júnior no Troféu Brasil de Atletismo. Perguntava a um e outro da equipe do BM&F Bovespa, seu clube, e nada de lembrarem dele. Até quando um dirigente associou o nome ao apelido. "Ah, o Maninho!". O apelido de infância do piauiense de 26 anos veio da irmã, quando ele ainda morava em Esperantina, Norte do Piauí, antes da família tentar uma vida melhor em Brasília (DF). Hoje, o próprio Maninho traça seu futuro no esporte. 

Fábio Lima/CidadeVerde.com
Reginaldo Júnior, o Maninho

Reginaldo de Oliveira Campos Júnior foi embora do Piauí ainda pequeno. Quando fazia uma mudança no Distrito Federal, o último objeto que levou foi a televisão. Nela, Marilson Gomes dos Santos mostrava seu empenho para ganhar mais uma prova. O ano, Reginaldo não esquece: 2001. O jovem de então 14 anos botou na cabeça que queria ser campeão como o ídolo. Hoje, os dois treinam juntos e defendem o mesmo clube de atletismo.

Marilson dos Santos e o fã-atleta piauiense

O encontro com o Cidadeverde.com, é bem verdade, poderia ter sido em melhor data. Ao saber da reportagem de Teresina (PI) no Troféu Brasil de Atletismo, disputado no estádio do Ibirapuera, em São Paulo (SP), Reginaldo escancarou um sorriso seguido de um lamento. "Podia ter sido um dia melhor para você me entrevistar", disse o corredor, que sentiu uma lesão e abandonou os 10.000 metros rasos na segunda volta. Na prova da noite de quinta-feira (6), Marilson foi campeão com folga. 


Mesmo com o resultado inesperado, a história vale a pena, não só por ser mais uma trajetória de um piauiense que saiu do Estado ainda criança e venceu na vida sem esquecer as raízes. Na verdade, foi reencontrando as raízes que Reginaldo conseguiu dar um novo foco para sua carreira. A Esperantina onde nasceu, ele só voltou a ver em 2009, em viagem com os pais, justo em um ano de enchente na região. As adversidades tocaram o corredor.

"Meus pais me mostravam: foi ali onde você nasceu, ali foi onde a gente viveu. Depois dessa viagem, ver de onde eu vim me motivou ainda mais a seguir a carreira de atleta", revelou ao Cidadeverde.com.


O retorno as origens mexeu de verdade com o fundista. Coincidência ou não, os melhores tempos da carreira de Reginaldo foram em 2009. Nesse ano, ele fez suas melhores marcas nos 5.000 e 10.000 metros rasos. Em 2008 e 2010, o corredor foi bronze no Troféu Brasil. Títulos que confirmavam o bom desempenho nas categorias de base, nas quais colecionou títulos desde 2004.

E tudo isso depois de ver Marilson Gomes dos Santos na TV. "Eu descobri que ele treinava na mesma cidade onde eu morava (Ceilândia-DF) e decidi ir atrás e treinar para ser atleta também". O encontro entre os dois não demorou. Marilson incentivou Reginaldo a ser um corredor e o futuro selou o destino deles. O piauiense se mudou para São Paulo e foi contratado pelo BM&F Bovespa, mesmo clube do campeão do Troféu Brasil. Mas nem os parentes de Marilson o chamam pelo nome. Reginaldo é "Maninho". "Minha irmã me chamava assim desde pequeno e o apelido pegou. Hoje quase ninguém me conhece como Reginaldo".  


Marilson reconhece o esforço e dedicação de Maninho. Assediado após o ouro do Troféu Brasil e convocado insistentemente pela organização para a cerimônia de entrega da medalha, o campeão fez questão de posar para a foto do Cidadeverde.com ao lado do colega de clube.

"É um homem muito bom. Tem um potencial muito grande e treina muito para que isso aconteça. Apesar dessas lesões que ele sofreu, sei o quanto que ele treina e como ele se esforça para isso", afirmou Marilson ao Cidadeverde.com sobre o candidato a seu sucessor no sucesso nas pistas.

Reginaldo "Maninho" não pensa em frustrar as declarações do ídolo. "Não é nem um sonho. É um objetivo mesmo. Apesar dessas lesões terem me atrapalhado agora, pode ter certeza que vocês vão ouvir falar muito de mim." 

Fábio Lima (enviado a São Paulo, a convite da FAPI e CBAt)
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