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Urbanismo de Teresina pode ter sido baseado em cidades europeias

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Ser planejada ainda na sua concepção fez com que Teresina, a nova capital do Piauí, se tornasse uma cidade à frente de seu tempo. Desde o início da sua construção, o fundador e responsável pela transferência da capital de Oeiras para Teresina, conselheiro José Antônio Saraiva, já pensou na estruturação da forma urbana. Para isso, tomou como base as cidades europeias de Lisboa (Portugal) e Paris (França). 

A informação é da arquiteta Ângela Braz, que em 1986 se propôs um desafio: fazer um mapa de Teresina entre os anos de 1889 a 1940. Ela revirou jornais, periódicos e a memória dos moradores até desenhar o mapa da cidade em cada década. 


Em 1890, ao completar 40 Anos Teresina seguia o plano de desenvolvimento traçado pelo conselheiro Saraiva, mas ainda estava longe de ocupar a área que ele havia previsto. O desenho das praças e a distribuição das ruas reforçam a inspiração na escola de urbanismo Português.  

Saraiva teria se baseado no modelo da reconstrução de Lisboa, após um terremoto ocorrido no século anterior. Até a escala métrica utilizada foi à mesma. “Os quarteirões foram pré-definidos em 80X80, as praças com 2,5 vezes o tamanho dos quarteirões, a vista principal para o rio, a Praça Marechal Deodoro da Fonseca (da Bandeira) se assemelha a Praça do Comércio em Lisboa, a ligação da Praça da Bandeira com a Praça Rio Branco são alguns exemplos”, destaca a arquiteta em entrevista ao programa especial da TV Cidade Verde.
 
A capital piauiense também pode ter sido planejada com traços parisienses em relação à sua estética, circulação de pessoas e o cuidado com a saúde pública. 

No início do século XX, a cidade ganhou novas vias e serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo motorizada. Entre 1900 e 1910, o crescimento populacional foi de 4,37% ao ano. O maior no período avaliado pela pesquisadora foi em 1907 Teresina tinha duas mil edificações.  “A maioria casebres de palha. O principal porto fluvial era o do coqueiro, as margens do Parnaíba, mas havia ainda três portos no rio Poti”, relata Ângela Braz.
 
A expansão estava relacionada à construção de prédios como a cadeia pública, o colégio das Irmãs e o colégio Diocesano.
 
O eixo de crescimento da capital piauiense era a estrada velha do Poty (hoje avenida Centenário), na zona Norte e a estrada nova (atual Barão de Gurgueia), na zona Sul, que eram ligadas pela rua Boa Vista (hoje rui Barbosa).
 
Em 1920, a zona urbana já ocupava a faixa entre a rua São João, na zona Sul e a avenida Alameda Parnaíba, na zona Norte. O extremo leste chegava a estrada do gado, depois chamada avenida Circular, que se tornou a avenida Miguel Rosa.
 
A ferrovia que ligaria Teresina – São Luiz aumentou o movimento na estação, o que estimulou a construção de casas no trecho a partir da Igreja São Benedito e deu origem aos bairros Cabral e Ilhotas, que hoje são divididos pela avenida Frei Serafim. Na época, as construções passavam a iniciar a ocupação dos espaços entre os rios Poti e Parnaíba.

Avenida Frei Serafim

As ruas largas e planas da Vila Operária, zona Norte, surgiram como uma vertente do urbanismo moderno nos anos de 1930. A avenida Frei Serafim foi delimitada nesse mesmo período e revelava uma preocupação muito a frente do tempo:  o plano de embelezamento previa desde a largura das faixas para os carros, até o tipo e a distância entre as árvores que seriam plantadas. 

As questões ambientais e o cuidado com a estética fazem parte da historia de Teresina desde a fundação. E isso também faz da cidade ser um exemplo para o Brasil.

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Caroline Oliveira
Com informações da repórter Indira Gomes
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